INCÊNDIO QUE MATOU CASAL E BEBÊ FOI CAUSADO POR PRODUTO USADO EM IMPERMEABILIZAÇÃO DE SOFÁ, CONCLUI POLÍCIA
A Polícia Civil finalizou as investigações e concluiu que a causa do incêndio que causou a morte de Graciane Rosa de Oliveira, 35 anos, o marido dela, Luiz Evaldo, 28, e o filho do casal, Léo, de 19 dias, foi o produto solvente usado para impermeabilizar o sofá da casa da família, em Valparaíso de Goiás.
O técnico de impermeabilização foi indiciado por incêndio culposo, que resultou na morte do casal e do filho, e a lesão corporal de Maria das Graças, mãe de Graciane. Ele vai responder em liberdade. O g1 não localizou a defesa dele para se manifestar sobre o caso até a última atualização da reportagem.
“A Sra Maria das Graças estava cozinhando no momento do serviço e não recebeu nenhuma orientação do técnico sobre os riscos que isso poderia causar”, afirmou o delegado Bruno Van Kuyk.
Durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira (23), familiares das vítimas informaram que Maria das Graça continua internada no Hospital Regional da Asa Norte, em Brasília, mas passa bem.
De acordo com o delegado, embora não tivesse a intenção de causar o incêndio e, muito menos, a morte dos clientes, o técnico agiu de maneira negligente pela maneira com que conduziu o serviço de impermeabilização de sofá.
“Ele prestava o serviço de forma esporádica. Nós entendemos que ele não era um profissional habilitado, não era um técnico, era autônomo. Ele já havia feito a limpeza do sofá da mesma família em outra ocasião”, explicou o delegado.
A polícia também explicou que, inicialmente, o técnico em impermeabilização só será responsabilizado pelas consequências mais graves do incêndio, ou seja, as três mortes e a lesão corporal de Maria das Graças. O delegado disse que, se outras vítimas quiserem processá-lo por eventuais danos materiais devem procurar a justiça.
O perito criminal Fernando Lerbach destacou que outras hipóteses da causa do incêndio foram analisadas, como problemas elétricos ou de vazamento de gás do próprio apartamento. Mas que todas as estruturas estavam intactas e com validade em dia.
O produto
Segundo a polícia, o produto foi comprado por Graciane pela internet, ou seja, é de fácil acesso. Além de tóxico, ele não apresenta cheiro, o que dificulta a identificação de um eventual vazamento. Em depoimento, o técnico disse que, como já conhecia a família, ele ia prestar o serviço como um favor.
Nós apreendemos o celular dele e comprovamos que ele só cobraria pela limpeza do sofá e não pela impermeabilização. Com a quebra do sigilo bancário das vítimas, descobrimos que Graciane foi, realmente, quem comprou o produto pelo Mercado Livre", disse o delegado.
No momento em que entrou no prédio, o técnico levava apenas um galão plástico vazio. Ele aplicou o produto dentro de uma bomba em local fechado, entre a sala e a cozinha do apartamento. A ação, segundo o delegado, contraria as próprias instruções do produto.
O perito Fernando Lerbach afirma que o produto, em forma líquida, passa a ser vaporizado para impermeabilizar o sofá. O gás é gerado depressa, se concentra na parte inferior do ambiente e vai subindo.
“A medida que o gás foi subindo no ambiente, entrou em contato com o fogo da chama do fogão e causou a explosão. Com a explosão, o fogo se espalhou com muita rapidez”, afirmou o perito.
Mesmo com ações imprudentes, na visão da investigação, o técnico não tinha a intenção de causar o incêndio, especialmente porque ele voltou para tentar salvar as vítimas.
"Ele se colocou em risco para salvar as vítimas e ele mesmo sofreu lesões", afirmou o delegado.
Queda acidental
A queda do casal e do bebê do apartamento em chamas foi acidental, de acordo com o perito Fernando Lerbach. O casal, Luiz Evaldo de Lima e Graciane Rosa de Oliveira, juntamente com o filho Léo, morreram por conta das diversas fraturas.
“Eles estavam no quarto e foram até a janela buscar um ambiente mais fresco para respirar. A mãe se desequilibra com o bebê nos braços, o pai segura a mãe , a tela rompe e os três caem”, afirmou o perito.
O perito também explicou que outro fator que demonstra que as vítimas caíram de forma acidental é a proximidade com que os corpos estavam da prumada do prédio.
"Quando a gente faz uma análise, um dos parâmetros que usamos é o deslocamento da vítima em relação ao ponto em que ela caiu. Quando é uma queda acidental, geralmente essa proximidade é bem pequena, como foi o caso. Todas as vítimas estavam muito próximas à prumada do prédio, o que indica para nós que foi realmente uma queda acidental, e não alguém que se projetou para frente", explicou o perito.
Fonte: G1
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